Ford Maverick
O Maverick foi um autom�vel criado pela Ford dos Estados Unidos que obteve grande sucesso em seu pa�s de origem. Tamb�m foi fabricado no Brasil entre 1973 e 1979, onde foi lan�ado com enfoque comercial bem diferente do americano e, apesar de n�o ter obtido sucesso em vendas, tornou-se lend�rio e hoje � cultuado por pessoas de v�rias idades.
O modelo americano
Ao fim dos anos 60, ainda antes da crise do petr�leo da d�cada seguinte, a Ford norte-americana buscava um ve�culo compacto, barato e econ�mico --- pelo menos para os padr�es do pa�s --- que pudesse fazer frente � crescente concorr�ncia dos carros europeus e japoneses. O modelo compacto que a f�brica tinha at� ent�o, o Falcon, n�o era t�o compacto assim e j� estava obsoleto, ainda mais depois que a pr�pria f�brica lan�ou o moderno e bem-sucedido Mustang em 1964, o qual inaugurou a era dos Pony Cars (Carros P�neis - Compactos), na contram�o dos carros enormes e cheios de frisos que dominaram o mercado Norte-Americano nas d�cadas de 50-60.
No dia 17 de abril de 1969 o Maverick foi lan�ado por US$ 1.995, com 15 cores dispon�veis e motores de 2,8 e 3,3 litros, ambos de seis cilindros. Apenas dois anos mais tarde, em 1971, foi lan�ado o famoso propulsor V8 de 302 Polegadas C�bicas para o Maverick. Este motor j� equipava algumas vers�es do Mustang e a Ford, a pr�nc�pio, relutou em equip�-lo no Maverick, temerosa de que isto prejudicasse a sua imagem de carro mais compacto, barato e econ�mico. A Ford o anunciou como o ve�culo ideal para jovens casais, ou como segundo carro da casa. O estilo, com o formato fastback da carroceria, foi claramente copiado do Mustang, mas suavizado. O sucesso foi imediato e logo no primeiro ano foram vendidas 579.000 unidades --- uma marca melhor do que a do pr�prio Mustang.
Logo vieram outras vers�es, com apelo esportivo ou de luxo e motoriza��es diferentes, como os Maverick Sprint e Grabber. Em 1971 outra marca do grupo Ford, a Mercury, lan�ou o Comet, que basicamente era o mesmo Maverick com grade e cap� diferentes. Os dois modelos fizeram sucesso mesmo depois do estouro da crise do petr�leo, em 1973, apesar de neste per�odo ter ficado evidente a necessidade de carros ainda mais compactos. Os dois modelos foram produzidos, com poucas modifica��es, at� 1977.
O Maverick no Brasil
Em 1967 a Ford, que tinha opera��es ainda pequenas no Brasil, adquiriu o controle acion�rio da f�brica da Willys Overland no pa�s. A Ford logo finalizou o projeto que a Willys vinha fazendo em parceria com a f�brica francesa Renault para substituir o Dauphine --- e lan�ou o bem-sucedido Corcel, como op��o para a faixa de carro popular da Ford Brasil. Al�m do novo compacto, foram mantidos em fabrica��o, como op��o de carros m�dios, os modelos j� existentes Aero Willys 2600 e sua vers�o de luxo Itamaraty.
Por�m, os modelos da Willys, que haviam sido remodelados em 1962 mas ainda eram origin�rios do p�s-guerra, j� estavam bastante defasados no in�cio da d�cada de 70. O Galaxie j� vinha sendo fabricado desde 1967 mas era demasiadamente luxuoso e caro, com acess�rios como dire��o hidr�ulica, ar condicionado e c�mbio autom�tico. E a General Motors do Brasil, com a marca Chevrolet, lan�ou em 1968, para abocanhar a faixa de mercado dos carros m�dios de luxo, o Opala, baseado no modelo europeu Opel Rekord e no modelo americano Chevy impala . A Ford, ent�o, precisava de um carro com estilo e, para os padr�es brasileiros, de m�dio-grande porte.
A f�brica fez um evento secreto com 1.300 consumidores em que diferentes ve�culos foram apresentados sem distintivos e logomarcas que permitissem a identifica��o --- entre eles, estavam o modelo da Ford alem� Taunus, o Cortina da Ford inglesa, o Maverick e at� mesmo um Chevrolet Opala, cedido pela pr�pria Chevrolet do Brasil. Essa pesquisa de opini�o indicou o moderno Taunus como o carro favorito dos consumidores brasileiros, que sempre tiveram prefer�ncia pelo padr�o de carro Europeu.
Mas a produ��o do Taunus no Brasil se mostrou financeiramente invi�vel, especialmente pela tecnologia da suspens�o traseira independente e pelo motor pequeno e muito moderno para a �poca. Preocupada em n�o perder mais tempo, com o Sal�o do Autom�vel de S�o Paulo se aproximando, a Ford preferiu o Maverick, que, por ter originalmente motor de seis cilindros, tinha espa�o suficiente no cap� para abrigar o motor j� fabricado para os modelos Willys, e a sua suspens�o traseira de molas semi-el�pticas era simples e j� dispon�vel. Apesar do motor Willys ter sido concebido originalmente na d�cada de 30, esse foi o meio que a Ford encontrou para economizar em torno de US$ 70 milh�es em investimentos para a produ��o do Taunus. Esse procedimento, que mais tarde chegaria ao conhecimento p�blico, acabou manchando a imagem do Maverick antes mesmo do seu lan�amento.
O velho motor Willys de seis cilindros ainda era grande demais para o cap� do Maverick, e por isso a Ford precisou fazer um redesenho do coletor de exaust�o, e nos testes isso causou constantemente a queima da junta do cabe�ote. Para amenizar o problema, foi criada uma galeria externa de refrigera��o espec�fica para o cilindro mais distante da frente, com uma mangueira espec�fica s� para ele. A primeira modifica��o no motor 184 (3 litros), como era conhecido na Engenharia de Produtos da Ford, foi a redu��o da taxa de compress�o para 7,7:1. Esse motor, que em pouco tempo se tornou o maior vil�o da hist�ria do Maverick no Brasil, seria o b�sico da linha, pois a f�brica j� previa o lan�amento do modelo com o famoso motor 302 V8, importado do M�xico, como opcional. Dados coletados pelos jornalistas informavam que a Ford gastou 18 meses e 3 milh�es de cruzeiros em engenharia, e mais 12 milh�es de cruzeiros em manufatura, para modernizar o velho motor 184.
A Ford organizou uma pr�-apresenta��o do Maverick com o motor 184 a cerca de 40 jornalistas no dia 14 de maio de 1973 no pr�dio do seu Centro de Pesquisas. No dia seguinte � apresenta��o, o Jornal da Tarde de S�o Paulo publicou uma reportagem intitulada "O Primeiro Passeio no Maverick --- o rep�rter Luis Carlos Secco dirigiu o Maverick na pista de teste da Ford, em S�o Bernardo do Campo". Os coment�rios foram de que o carro era silencioso, confort�vel e �gil.
O primeiro Maverick nacional de produ��o deixou a linha de montagem em 4 de junho de 1973. O p�blico j� come�ava a interessar-se pelo modelo desde o Sal�o do Autom�vel de S�o Paulo de 1972, quando o carro foi apresentado. O que seguiu foi uma das maiores campanhas de marketing da ind�stria automobil�stica nacional, contando inclusive com filmagens nos Andes e na Bol�via.
A apresenta��o oficial � imprensa ocorreu no dia 20 de junho de 1973, no Rio de Janeiro. Como parte da campanha de publicidade do novo carro, o primeiro exemplar foi sorteado. No Aut�dromo Internacional do Rio de Janeiro, em Jacarepagu�, foi realizado um test-drive, onde os jornalistas convidados puderam dirigir nove Mavericks, seis deles com motor de 6 cilindros e tr�s com o V8 302, importado.
O carro apresentava inicialmente tr�s vers�es: Super (modelo standard), Super Luxo (SL) e o GT . Os Super e Super Luxo apresentavam-se tanto na op��o sed� (quatro portas - lan�ado alguns meses ap�s o lan�amento do Maverick) como cup� (duas portas), sendo sua motoriza��o seis cilindros em linha ou, opcionalmente, V8, todos com op��o de c�mbio manual de quatro marchas no assoalho ou autom�tico de tr�s marchas na coluna de dire��o. J� o Maverick GT era o top de linha. Com produ��o limitada, ele se destacava externamente pelas faixas laterais adesivas na cor preta, cap� e painel traseiro com grafismos pintados em preto fosco, rodas mais largas, um par de presilhas em alum�nio no cap� e, internamente, um conta-giros sobreposto � coluna de dire��o do volante. O Maverick GT vinha equipado com motor de 8 cilindros em V de 302 polegadas c�bicas, pot�ncia de 199 HP (pot�ncia Bruta, 135 HP l�quido), e 4.950 cm3 de cilindrada oferecido somente com c�mbio manual de quatro marchas com acionamento no assoalho. O Maverick equipado com motor V8 podia acelerar de 0 a 100 km/h em pouco mais de dez segundos.
Por�m, ap�s sucessivos testes realizados por revistas especializadas, os defeitos do novo carro da Ford foram se evidenciando. As revistas criticavam a falta de espa�o traseiro nos bancos, bem como a m� visibilidade traseira, devido ao formato Fastback do carro. A vers�o de quatro portas n�o tinha nenhum desses dois problemas, mas o p�blico brasileiro, � �poca, tinha prefer�ncia por carros de duas portas e o modelo com quatro portas n�o foi bem aceito. Mas a principal fonte de cr�ticas do Maverick no Brasil foi, sem d�vida, o motor de seis cilindros herdado do Willys / Itamaraty. Pouco potente, ele acelerava de 0 a 100 KM/h em mais de 20 segundos e seu consumo era injustificavelmente elevado, o que deu ao Maverick a fama de beberr�o que muito pesou nos anos da crise do petr�leo. Era um motor que "andava como um quatro cilindros e bebia como um oito",como afirmava a opini�o p�blica na �poca. Na verdade esse motor, em algumas faixas de velocidade, consumia at� mais do que o motor de oito cilindros.
Em 1975, com a conclus�o da f�brica de motores da Ford em Taubat�, S�o Paulo, ele foi abandonado e substitu�do por um moderno motor de 2,3 litros e quatro cilindros em linha, com comando de v�lvulas no cabe�ote e correia dentada. Era o famoso propulsor Georgia 2.3 OHC. Esse motor, que deu ao ve�culo um desempenho mais satisfat�rio, tinha uma acelera��o melhor do que o antigo 6 cilindros (0 - 100 Km/h em pouco mais de 16 segundos) e um consumo bem menos elevado (m�dia de 7,5 KM por litro de gasolina). Infelizmente o motor 4 cilindros, injustamente, herdou parte da m� fama do seis cilindros, pois muitos se perguntavam: se o motor de seis cilindros � t�o fraco como pode a Ford oferecer um motor ainda menor? As cr�ticas, ainda que infundadas se tratando do novo motor, e somadas ao fato de o modelo 4 cilindros ter pot�ncia alegada de 99 cv brutos devido a uma estrat�gia da Ford para pagar menos taxas na fabrica��o (para o 6 cilindros a Ford declarava 112 cv brutos), contribuiu para o r�pido decl�nio do Ford Maverick.
Ainda no ano de 1975, com o objetivo de homologar o Kit Quadrijet para as pistas na extinta Divis�o I (leia mais abaixo), a Ford lan�ou no Brasil o famoso Maverick Quadrijet. Verdadeira lenda entre os antigomobilistas e amantes de velocidade, o Maverick Quadrijet era um Maverick 8cc cujo motor era equipado com um Carburador de corpo Qu�druplo (da� o nome "Quadrijet"), coletor de admiss�o apropriado, comando de v�lvulas de 282� (mais brabo) e Taxa de Compress�o do motor elevada para 8:5:1 (a dos motores normais era de 7:3:1), aumentando a pot�ncia do carro de 135 CV para 185 CV (pot�ncia l�quida) a 5.600 RPM. Com essas modifica��es o Ford Maverick acelerava de 0 a 100 KM/H em incr�veis 8,5 segundos e atingia a Velicidade M�xima de 205 KM/h, tendo se tornado o primeiro carro produzido em s�rie no Brasil a ultrapassar a marca dos 200 Km/. Mas devido ao alto custo, na �poca, das pe�as de prepara��o importadas que compunham o Kit Quadrijet (que tamb�m podia ser comprado nas revendedoras autorizadas Ford e instalado no motor), pouqu�ssimos Mavericks sa�ram de f�brica com essa especifica��o.
No final de 1976, j� como modelo 77, foi apresentada a denominada Fase 2 do Maverick. Al�m de algumas altera��es est�ticas, como um novo interior, grade dianteira e novas lanternas traseiras, maiores, tamb�m trazia algumas melhorias mec�nicas como sistema de freios mais eficiente, eixo traseiro com bitola mais larga e suspens�o revista para o uso de pneus radiais.
Nesta fase foi introduzida a vers�o LDO (Com "luxuosa decora��o opcional"), que passou a ser a vers�o mais cara do Maverick, com acabamento mais refinado e interior monocrom�tico combinando tonalidades de marrom (a maioria) ou azul. Para essa vers�o foi lan�ado, como equipamento opcional, um c�mbio autom�tico de 4 marchas com acionamento no assoalho, somente para os Mavericks LDO's equipados com o motor 2,3 litros. As vers�es Super e Super Luxo continuaram a ser produzidas, todas com o motor 2.3 OHC de s�rie.
O modelo GT foi o modelo que sofreu as altera��es mais dr�sticas. Em nome de uma maior economia, com a desaprova��o de muitos, passou a ser oferecido com o motor 2.3 OHC de s�rie, tendo o 302-V8 se tornado opcional para todos os modelos. Houve mudan�as tamb�m nas faixas laterais, no grafismo traseiro e o cap� ganhou duas falsas entradas de ar.
O Ford Maverick nacional teve sua produ��o encerrada em 1979, ap�s 108.106 unidades produzidas.
Durante as d�cadas de 80 e 90, com a infla��o e a alta constante dos pre�os de combust�vel, o Ford Maverick foi relegado ao posto de carro ultrapassado, obsoleto e beberr�o e, durante esse per�odo, a grande maioria deles foi parar nos sub�rbios das grandes cidades ou nos ferros-velhos. Mas essa triste realidade come�ou a mudar no in�cio do s�culo XXI. Atualmente, em uma �poca onde reinam os pequenos e fr�geis carros feitos quase inteiramente de pl�stico e chapas de a�o fin�ssimas, o Maverick chama a aten��o por onde passa, sendo considerado um dos poucos verdadeiros Muscle Car brasileiros (apesar de ter nascido como um Pony Car).
O Maverick com motor V8 � na atualidade um objeto de desejo dos admiradores de carros antigos nacionais. Um modelo GT ou LDO (este rar�ssimo com motor V8) bem conservado e com as caracter�sticas originais � item de cole��o.
O modelo 6 cilindros � encontrado a pre�os r�zoaveis, entretanto � bastante desvalorizado pelos conhecedores do carro. O carro � popularmente chamado de Aerovick, uma analogia ao uso da mec�nica Willys no modelo da Ford.
O Maverick com motor 4 cilindros atualmente � o mais comum dentre os apreciadores, devido ao maior n�mero produzido (com rela��o ao modelo V8), seu custo, facilidade de reposi��o de pe�as, sua durabilidade e as grandes possibilidades de prepara��o.
Sucesso nas pistas
Os Maverick equipados com o potente motor V8 fizeram algum sucesso nas pistas brasileiras, de 1973 a 1977 das quais participou, como o Campeonato Brasileiro de Turismo, provas de Endurance e a antiga Divis�o 3.
Devido � grande capacidade c�bica do motor 302 V8, alguns Maverick 8 cilindros receberam extensas modifica��es, como por exemplo o modelo constru�do pela Ford especialmente para a Divis�o 3, por interm�dio do preparador Luiz Antonio Greco. O motor recebeu, entre outros itens, cabe�otes de alum�nio Gurney-Weslake, iguais aos usados no lend�rio Ford GT-40, comando de v�lvulas especial e 4 carburadores de corpo duplo Weber 48 IDA. Segundo relatos, com esta modifica��o o motor atingiu a pot�ncia de 350cv l�quidos, cerca de 3 vezes a pot�ncia original.
No Campeonato Brasileiro de Turismo o maior rival do Maverick era o Chevrolet Opala, um carro um pouco mais leve e econ�mico com seu motor de 6 cilindros e 4,1 litros. Tal disputa durou at� a retirada do apoio oficial da Ford do Brasil a esta competi��o, por causa dos resultados pouco expressivos do Maverick nas pistas o que acabou originando o Campeonato Brasileiro de Stock Car, uma categoria que por anos foi monomarca e s� teve Opalas.
Grandes pilotos tiveram o Maverick sob seu comando nas competi��es, entre eles Jos� Carlos Pace, Bob Sharp, Edgar Mello Filho e Paulo Gomes, o "Paul�o" e o argentino Lu�s Ruben Di Palma.
A partir dos anos 90, n�o muito satisfeitos e devido � maior facilidade de importa��o no Brasil, muitos propriet�rios equiparam seus Maverick com pe�as para alta performance de origem norte-americana, o que fez o carro ser largamente usado em provas de arrancada que se multiplicaram no pa�s. Neste tipo de prova os Maverick t�m logrado algum sucesso, sempre arrancando vibra��o do p�blico com o ronco caracter�stico de seu potente motor.
Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Ford_Maverick
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